A NATO pode recrutar 300 mil novos soldados? A Europa debate o regresso do serviço militar obrigatório
O aumento da tensão com a Rússia leva os países europeus a reconsiderar o alistamento militar. Mas será suficiente para garantir a segurança da região sem os EUA?

Com os exércitos europeus cada vez mais reduzidos e os orçamentos de defesa limitados, a NATO enfrenta um grande desafio: recrutar 300 mil novos militares para reforçar as suas fileiras. Esta necessidade surge num momento de crescente tensão com a Rússia e de incerteza quanto ao futuro apoio dos Estados Unidos. Diante deste cenário, vários países europeus começam a ponderar o regresso do serviço militar obrigatório como estratégia para colmatar a falta de efetivos.
Após a Guerra Fria, a maioria dos países europeus optou por reduzir significativamente os seus exércitos, suspendendo o alistamento militar obrigatório. Desde os anos 90, a França diminuiu as suas forças armadas em 38%, e outros países seguiram o mesmo caminho. Atualmente, apenas Áustria, Chipre, Dinamarca, Estónia, Finlândia, Grécia, Noruega, Suíça e Turquia mantiveram a conscrição em vigor.
A NATO já discute formas de fortalecer a sua capacidade militar. “O mais urgente é garantir tropas suficientes para manter a linha de defesa e enviar uma mensagem de dissuasão clara”, afirmou Alexandr Burilkov, investigador da Universidade de Lüneburg. Segundo o investigador, a Europa precisa de agir rapidamente para evitar que a Rússia repita um cenário semelhante ao de fevereiro de 2022, quando invadiu a Ucrânia.
Uma análise do grupo de reflexão Bruegel e do Kiel Institute estima que a Europa necessitará de 300 mil novos soldados para reforçar a sua defesa, além dos atuais 1,47 milhões de militares no ativo. Com a Rússia a operar em modo de guerra total, os especialistas alertam que um aumento coordenado do investimento na defesa pode ser a chave para evitar futuras ameaças.
O alistamento militar obrigatório pode ser a solução?
A Croácia já anunciou que vai reintroduzir a conscrição em 2025, e outros países poderão seguir o mesmo caminho. Os Estados Bálticos, como Letónia e Lituânia, já implementaram modelos de recrutamento para expandir as suas forças armadas, enquanto a Noruega e a Suécia apostam num serviço militar seletivo obrigatório. A Lituânia, por exemplo, oferece incentivos financeiros e oportunidades de emprego para quem adere voluntariamente ao exército, tornando o alistamento mais atrativo.
No entanto, há desafios significativos. Muitos países aboliram as infraestruturas necessárias para treinar milhares de novos recrutas. “Reintroduzir o serviço militar obriga a um enorme investimento em formação, exames médicos e estrutura logística”, explica Linda Slapakova, investigadora da RAND Europe. Além disso, uma sondagem recente da Gallup revelou que apenas 32% dos cidadãos da União Europeia estão dispostos a defender o seu país em caso de guerra, um desafio adicional para qualquer estratégia de recrutamento.
A NATO deve tomar decisões rápidas. Com Donald Trump a ameaçar reduzir o apoio dos EUA à aliança, e com alertas de que a Rússia poderá atacar um Estado-membro da NATO dentro de cinco anos, a questão do alistamento militar pode definir o futuro da segurança europeia.
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Não à guerra!
Zé Alex
Verdade, Não à Guerra!
Mas de acordo com o serviço militar mesmo para mulheres.
É lá que as pessoas amadurecem e sabem o que é a vida.
obrigatório, sim.
Noémia Simões Nunca defendi o fim do SMO, ao contrário da grande maioria dos prtidos portugueses. Lamento que esta discussão venha à baila por uma razão destas: a ameaça russo que apenas está na cabeça de psicopatas, sociopatas e defensores do aparelho militar industrial dos EUA (o grande vendedor das armas que destruirão o Estado Social europeu). Enviar jovens europeus para um moedor de carne apenas para servir os interesses das oligarquias financeiras europeias, NÃO! Não à Guerra, por isso.