A crise de líderes nos Estados Unidos

A crise de liderança nos Estados Unidos é um fenómeno que não preocupa só os cidadãos norte-americanos . A falta de renovação e a atual degradação do debate público têm revelado um país dividido e carente de líderes que inspirem confiança e apresentem uma visão clara e coerente para o futuro.
A Crise de Liderança Democrata
O Partido Democrata, historicamente visto como a força progressista nos Estados Unidos, tem enfrentado críticas pela sua incapacidade de apresentar uma liderança jovem e vigorosa. Joe Biden, o atual presidente, simboliza essa crise sem dúvida alguma.
Embora Biden tenha décadas de experiência política e até tenha sido o presidente mais
votado de sempre nos EUA, as suas capacidades físicas e mentais têm sido questionadas. Faz-me lembrar um computador velho que só tenho guardado porque tenho lá fotos antigas e memórias com os quais sou feliz em rever (leia-se a Vice-Presidência durante a era Obama e a derrota que conseguiu impor a Donald Trump nas últimas presidenciais). O problema é que quando tento iniciar esse computador percebo que já não é fiável e que tendencialmente vai travar quando mais preciso dele.
O estilo de liderança, muitas vezes considerado vacilante, e a sua dificuldade em articular uma qualquer mensagem, deixa a esquerda americana um tanto quanto carente de firmeza. Um líder que já não tem a força e vitalidade necessária para carregar os seus próprios netos ao colo torna-se uma metáfora poderosa para a sua incapacidade de carregar o peso de uma nação em crise.
Os Republicanos
Por outro lado, o Partido Republicano enfrenta os seus próprios desafios. A figura de Donald Trump, que domina o partido, é polarizadora. Embora muitos críticos apontem para a sua retórica algo (muito) incendiária e para as suas ações controversas, há quem veja em Trump uma qualidade essencial: a habilidade de liderar com determinação.
Trump é frequentemente criticado pelas suas políticas de rotura e divisão e pela sua abordagem pouco ortodoxa, mas é inegável que conseguiu mobilizar uma base de apoio fervorosa e leal. É um Fiat Panda 4×4 daqueles já velhinhos, mas que dentro da imprevisibilidade sabemos que não nos vai deixar a pé mesmo que tenha de fazer um Raid Washington – Rússia .
Biden vs Trump
É possível reconhecer as falhas de ambos os lados.
O Partido Democrata, com sua aposta em Biden, ignorou a necessidade de uma renovação geracional e de uma liderança mais dinâmica. A continuidade de figuras envelhecidas e a falta de uma mensagem clara e coesa contribuem para a sensação de estagnação e fragilidade… a ultima coisa que se quer na nação e economia das mais importantes no panorama internacional.
Por outro lado, o Partido Republicano, ao alinhar-se fortemente a Trump, também enfrenta riscos. A liderança de Trump pode alienar eleitores da direita moderada (como eu próprio) que não se reveem na íntegra na forma de estar do ex- Mr.President.
No entanto, para muitos, Trump representa um líder que, tendo uma abordagem mais direta e muitas vezes agressiva, dá um sinal de força em tempos de incerteza.
A Preferência pelo Conhecido
Diante de uma crise de liderança em ambos os partidos, a escolha entre Biden e Trump torna-se uma escolha entre dois “extremos”, à semelhança do que aconteceu no Brasil entre Lula e Bolsonaro.
Contudo, a preferência por Trump, neste contexto, pode ser vista como uma preferência por um líder que, apesar das suas controvérsias, oferece uma visão clara e um conjunto de políticas que parecem mais alinhadas com os interesses de uma parte significativa do eleitorado e do panorama internacional, à excepção talvez da UE que continua com o nariz torcido devido à opinião não assente de Trump na questão ucraniana . Estas eleições são o reflexo de uma nação dividida e à procura de direção.
Tanto o Partido Democrata quanto o Partido Republicano enfrentam desafios significativos em apresentar lideranças que inspirem confiança e unidade. No entanto, para milhões de americanos, a escolha resume-se a preferir um líder que, apesar das suas falhas, tem a capacidade de agir e de implementar políticas eficazes, em contraste com uma liderança que parece envelhecida e incapaz de enfrentar os desafios contemporâneos por muito “progressistazinhos” que queiram parecer. No final, a preferência por um “velho que sabe o que quer fazer” pode ser a escolha que se avizinha.
Francisco Portásio Pedroso, Vice-Presidente da Juventude Popular de Setúbal
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